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Biomec�nica do arremesso de jump no basquetebol
Biomechanics of the basketball jump shoot

   
Universidade Federal do Paran� (UFPR) - Curitiba - Paran�.
Departamento de Educa��o F�sica (DEF).
Centro de Estudos do Comportamento Motor (CECOM).
(Brasil)
 
 
Victor Hugo Alves Okazaki  
Andr� Luiz F�lix Rodacki  
F�bio Heitor Alves Okazaki
[email protected]
 

 

 

 

 
Resumo
     Este estudo objetivou descrever as seq��ncias de a��o dos segmentos para identificar as fases que caracterizem a coordena��o do arremesso de jump no basquetebol. Dez atletas da categoria adulto masculino (idade 23,4 � 5,1 anos; estatura 1,9 � 0,1m; peso 85,1 � 14,9kg; experi�ncia 10,8 � 4,6 anos) foram analisados atrav�s de filmagem em 2D (60Hz) no plano sagital, desempenhando o arremesso de jump no basquetebol. O arremesso iniciou de uma posi��o de prepara��o (fase de prepara��o) at� que a bola come�ou a ser erguida para um melhor posicionamento para o lan�amento (fase de eleva��o da bola). Um per�odo com pouca varia��o no deslocamento dos membros superiores aconteceu (fase de estabilidade) antes do lan�amento da bola (fase de lan�amento). A bola foi lan�ada com uma continuidade nos movimentos de lan�amento (fase de in�rcia), mesmo ap�s a perda de contato da m�o com a bola. Desta forma, cinco fases foram identificadas atrav�s de uma an�lise biomec�nica do arremesso de jump em fun��o do movimento.
    Unitermos: Arremesso de jump. Basquetebol. Biomec�nica.
 
Abstract
     This study aimed to describe sequences of action from segments to identify the phases that characterize the basketball jump shoot coordination. Ten athletes from the adult men category (age 23,4 � 5,1 years; height1,9 � 0,1m; weight 85,1 � 14,9kg; experience 10,8 � 4,6 years) were analyzed through a 2D (60 hz) film in the sagital plane, performing the basketball jump shoot. The shoot began from a preparation position (preparation phase) until the ball started to be lifted up to a better position to the release (ball lift up phase). A period with little variation in the angular displacement of the upper arm happed (stability phase) before the ball release (release phase). The ball was released with a follow through in the release movements (inertial phase), even after the loss of contact between the hand and ball. Therefore, five phases were identified through the biomechanical analysis of the jump shot in relation to the actions of the movement.
    Keywords: Jump shoot. Basketball. Biomechanics.
 

 
https://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 105 - Febrero de 2007

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Introdu��o

    O arremesso � o fundamento mais importante no basquetebol (BUTTON et al., 2003; MANOLE et al., 2002; ELLIOTT, 1992). Dentre as t�cnicas de arremesso, o jump tem demonstrado ser a t�cnica de arremesso mais eficiente (OKAZAKI et al., 2005; OKAZAKI et al., 2004; COLEMAN & RAY, 1976) e utilizada, independente da fun��o que o jogador desempenha (ELLIOTT, 1992; OKAZAKI et al., 2004). Por esta raz�o, o arremesso de jump tem sido amplamente estudado atrav�s de observa��es qualitativas, modelos matem�ticos de dedu��o e evid�ncias experimentais (KNUDSON, 1993; HUDSON, 1985).

    Alguns estudos procuraram verificar as altera��es na performance do arremesso de jump em fun��o do aumento da dist�ncia em rela��o � cesta (LIU & BURTTON, 1999; MILLER & BARTLETT, 1996; WALTERS et al., 1990; ELLIOTT & WHITE, 1989), da presen�a de um marcador durante a realiza��o do arremesso (ROJAS et al., 2000), de diferentes posi��es do corpo na hora do lan�amento (RIPPOL et al., 1986), da influ�ncia do campo visual em diferentes instantes do arremesso (OUDEJANS et al., 2002), etc. Entretanto, como as articula��es dos segmentos se movem em uma forma coordenada para estabelecer os par�metros de lan�amento ainda n�o est�o claros (BUTTON et al., 2003; KNUDSON, 1993). O entendimento da coordena��o do arremesso de jump pode auxiliar no processo ensino-aprendizado fornecendo subs�dios para um treinamento mais especializado.

    O objetivo do estudo foi descrever as seq��ncias de a��o dos segmentos e identificar fases que caracterizem a coordena��o do arremesso de jump no basquetebol.


Metodologia

Amostra

    A amostra foi constitu�da por 10 atletas de basquetebol (idade 23,4 � 5,1 anos; estatura 1,9 � 0,1 m; peso 85,1 � 14,9 kg; experi�ncia 10,8 � 4,6 anos) pertencente � categoria adulto-masculino (Sele��o Paranaense Universit�ria de 2003). Foram selecionados atletas que n�o reportaram nenhum tipo de les�o ou incapacidade que pudesse interferir no andamento da pesquisa. Antes do in�cio da avalia��o, todos os participantes foram informados dos procedimentos de avalia��o necess�rios para o estudo e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.


Procedimentos experimentais

    Os sujeitos foram convidados a participar de uma �nica sess�o experimental, onde foram submetidos a uma an�lise cinem�tica da performance do arremesso de jump no basquetebol.


An�lise cinem�tica

    Antes do in�cio da filmagem, um aquecimento de 15 minutos foi realizado, composto por v�rios exerc�cios generalizados. O aquecimento n�o foi controlado e cada participante foi livre para escolher sua pr�pria rotina de exerc�cios para evitar qualquer tipo de fadiga. Posteriormente, os participantes foram demarcados por um �nico avaliador (ver modelo biomec�nico para maiores detalhes), enquanto foram informados dos procedimentos experimentais. Ap�s a demarca��o dos sujeitos, foram praticados arremessos (10-20) em uma posi��o frontal e perpendicular � cesta (di�metro do aro de 0,45m e altura do aro de 3,05m), a uma dist�ncia de 4,6m (dist�ncia de lance-livre). Tr�s movimentos selecionados foram extra�dos aleatoriamente a partir de um conjunto de dez arremessos bem sucedidos (arremessos em que a bola passou atrav�s do aro sem tocar antes a tabela) que foram filmados. A m�dia de tr�s arremessos filmados foi agrupada para representar o padr�o de movimento de cada sujeito.

    O in�cio do movimento de arremesso foi determinado 10 quadros (frames) antes do instante em que o sujeito inicia a eleva��o da bola (a partir de uma flex�o de ombro ou cotovelo). O final do movimento foi determinado no instante de lan�amento da bola (quadro em que a bola n�o est� mais em contato com a m�o do atleta).

    A coordena��o do arremesso foi analisada a partir dos movimentos relativos �s articula��es do ombro, do cotovelo e do punho. Os movimentos destas articula��es foram quantificados atrav�s de uma an�lise cinem�tica conduzida a partir de filmagem. Para tal, foi utilizada uma filmadora (Panasonic - Palmcorder-VHS de 60 Hz - Shutter Speed de 1/250) foi posicionada perpendicularmente ao plano de movimento com o centro focal direcionado sobre a articula��o do ombro. A filmadora foi posicionada do lado direito dos sujeitos, a uma dist�ncia de 8 metros do plano de movimento. A escolha do lado direito se deve ao fato dos sujeitos selecionados serem destros.

    Como o arremesso � predominantemente desempenhado em um �nico plano, uma an�lise em 2 dimens�es tem sido considerada adequada (OKAZAKI & RODACKI, 2005; BUTTON et al., 2003; RIPPOL et al., 1986). Para uma melhor visualiza��o do movimento, uma cortina de cor preta foi colocada ao lado esquerdo do arremessador. Desta forma, foi proporcionado um plano de fundo contrastante aos marcadores (cor branca) utilizados no modelo biomec�nico, facilitando o processo de digitaliza��o dos dados. A representa��o esquem�tica do local de filmagem encontra-se expressa na figura 1.


Modelo biomec�nico

    Para a determina��o dos movimentos, uma s�rie de marcas (15mm de di�metro) foi aderida � pele sobre os seguintes pontos anat�micos: (1) quadril - crista il�aca; (2) ombro - centro articular ombro (3-5 cm abaixo do acr�mio); (3) cotovelo - epic�ndilo lateral do �mero; (4) punho - processo estil�ide da �lna; e (5) eixo articular da quinta falange - quinto metacarpo-falangeano. Este conjunto de pontos anat�micos foi utilizado para definir os segmentos do tronco (1-2), bra�o (2-3), ante-bra�o (3-4) e m�o (4-5). A jun��o formada por dois segmentos adjacentes forneceu os �ngulos articulares do modelo biomec�nico de cinco pontos e quatro segmentos proposto: articula��o do ombro (tronco+bra�o), cotovelo (bra�o+antebra�o) e punho (antebra�o+m�o) (Figura 2).

    Como a velocidade e o �ngulo de proje��o da bola n�o deriva significativamente das orienta��es dos membros inferiores (ELLIOTT & WHITE, 1989; RIPPOL et al., 1986), ou do bra�o que n�o realiza o lan�amento (ROJAS et al., 2000; KNUDSON, 1993; HUDSON, 1985), apenas o bra�o de a��o foi representado no modelo biomec�nico.

    As imagens foram armazenadas em fita e posteriormente transferidas para um computador atrav�s de um conversor de anal�gico-digital (Belkin - USB, F5U208, USA). As imagens foram digitalizadas manualmente por um �nico avaliador atrav�s de um software espec�fico de an�lise de movimento (Geeware Motion Analysis�) e um conjunto de vari�veis foi obtido.


Vari�veis de estudo

    Para determinar os padr�es de movimentos que caracterizem as fases do arremesso, o comportamento do deslocamento e velocidade angulares das articula��es do ombro, cotovelo e punho, foi analisado.


An�lise estat�stica

    Os dados foram analisados a partir de estat�stica descritiva de m�dias e desvios-padr�o. Os testes de Kolmogorov-Smirnov e Bartlett foram utilizados para analisar a normalidade e a homocedasticidade dos dados, respectivamente. Para atenuar o ru�do incluso nas an�lises cinem�ticas, devido ao processo de coleta e digitaliza��o dos dados (OKAZAKI et al., 2004; WOOD, 1982), foi aplicado um filtro recursivo do tipo Buterworth de 2� ordem com uma freq��ncia de corte de 10Hz (OKAZAKI & RODACKI, 2005; ELLIOTT, 1992). Para reduzir a variabilidade intra e inter sujeitos, os dados foram normalizados em fun��o do tempo ciclo do arremesso, ou seja, os movimentos foram expressos em valores percentuais. Este procedimento foi realizado por meio de uma fun��o spline, calculado atrav�s do software Biomechanics Toolbox (RODACKI & FOWLER, 2001). As an�lises estat�sticas foram realizadas atrav�s do software STATISTICA�(STATSOFT Inc., vers�o 6.0). O n�vel de signific�ncia adotado foi de p<0,05.


Resultados

    O arremesso de jump dura em torno de 0,86 segundos, sendo a maior parte do tempo respons�vel pela prepara��o do lan�amento (0,52 segundos) e a menor parte do tempo pelo lan�amento (0,34 segundos). O deslocamento e velocidade angulares do arremesso encontram-se expressos na figura 2.

    A articula��o do ombro realiza uma flex�o durante todo o arremesso, apresentando uma amplitude de 113,0�. Sua velocidade angular pode alcan�ar valores superiores a 1000�/seg. Tr�s padr�es de comportamento podem ser diferenciados a partir do deslocamento angular do ombro: instante de flex�o gradativa (1%-64%), estabilidade com pouca altera��o no deslocamento angular (64%-88%) e de flex�o mais acentuada (88%- 100%).

    A articula��o do cotovelo apresentou uma amplitude angular de 80,4� e velocidades angulares que podem ultrapassar 2000�/seg. Esta articula��o realiza um movimento de flex�o e, posteriormente, de extens�o. Entretanto, tr�s padr�es podem ser diferenciados em fun��o do comportamento do deslocamento angular do cotovelo: flex�o gradativa (1%-48%), estabilidade com pouca altera��o no deslocamento angular (48%-82%) e extens�o para o lan�amento (82%-100%) .

    A articula��o do punho realiza uma extens�o e posteriormente uma flex�o. A velocidade angular do punho, assim como a do cotovelo, pode ultrapassar 2000�/seg. Tr�s padr�es s�o evidenciados no comportamento do deslocamento angular do punho: estabilidade com pouca altera��o no deslocamento angular (1%-40%), extens�o gradativa (40%-82%) e flex�o acentuada (82%-100%).


Discuss�o

    Cinco fases foram propostas com base no padr�o do deslocamento e velocidade angular das articula��es do ombro, cotovelo e punho, na performance do arremesso de jump no basquetebol (Quadro 1 e Figura 4).



Fase de prepara��o (posi��o inicial)

    A fase de Prepara��o constitui a posi��o inicial para o lan�amento da bola. O cotovelo e punho encontram-se semiflexionados (134,3� e 191,9�, respectivamente). A bola � segura pr�xima ao corpo com as duas m�os, tendo os dedos afastados (COLEMAN & RAY, 1976). O joelho e quadril tamb�m apresentam uma pequena flex�o, al�m de uma inclina��o de tronco (MILLER & BARTLETT, 1996, 1993). Os p�s s�o afastados na linha dos ombros, com peso do corpo igualmente dividido entre eles (ALMEIDA, 1998). Pode-se utilizar a estrat�gia do posicionamento do p�, correspondente ao lado do bra�o de a��o, � frente, o que auxilia numa maior estabilidade para o arremessador (ELLIOTT, 1992; MARQUES, 1980). Esta posi��o do p� a frente elimina a necessidade na rota��o do ombro, do tronco e da pelve durante a fase de propuls�o no salto (KNUDSON, 1993; ELLIOTT, 1992, HUDSON, 1985).


Fase de eleva��o da bola

    In�cio do movimento dos membros superiores com a flex�o de ombro e cotovelo. Nesta fase a bola � elevada para ser lan�ada. O cotovelo � a primeira articula��o a ser desacelerada (28%), sendo seguida pela desacelera��o da flex�o do ombro (41%). O punho permanece inicialmente com pouca varia��o no deslocamento angular, posteriormente, inicia uma extens�o para o posicionamento da bola (38%). A bola deve permanecer pr�xima ao corpo para manter a estabilidade e reduzir o deslocamento horizontal do corpo (ROJAS et al., 2000). � realizado um alinhamento do ombro, do cotovelo, do punho e dos olhos para melhorar a precis�o atrav�s da rota��o do ombro no plano horizontal entre 29� e 55� (MILLER & BARTLETT, 1993). Apesar da fase de eleva��o da bola ter seu t�rmino com o instante em que o cotovelo para de realizar uma flex�o, o ombro, ainda em flex�o, continua a elevar a bola at� que atinja aproximadamente 110�. Durante a eleva��o da bola o cotovelo deve estar posicionado abaixo desta, em dire��o � cesta (ROJAS et al., 2000; ELLIOTT, 1992; COLEMAN & RAY, 1976; DAIUTO, 1971).


Fase de estabilidade

    O cotovelo termina sua flex�o desacelerando o movimento (65%) e inicia uma acelera��o com movimento de extens�o para o lan�amento da bola. Este per�odo caracterizado por uma pequena varia��o no deslocamento angular do cotovelo (52%-79%), constitui a fase de estabilidade do arremesso. Alguns jogadores podem apresentar uma fase de estabilidade mais reduzida ou ausente para maior proveito da energia de um pr�-estiramento da musculatura extensora do cotovelo (BUTTON et al., 2003). O ombro est� realizando uma desacelera��o que ocorre at� o final desta fase. Esta articula��o tamb�m apresenta um pequeno per�odo de estabilidade, entretanto, este ocorre ap�s a fase de estabilidade do cotovelo (65%). O punho, ainda em movimento de extens�o, est� em acelera��o no in�cio desta fase (at� 56%) e, posteriormente, come�a a desacelerar seu movimento at� a pr�xima fase do arremesso (82%). Para que o punho seja totalmente estendido antes da sa�da da bola, uma aplica��o de press�o das m�os ao segurar a bola pode ser realizada (COLEMAN & RAY, 1976).


Fase de lan�amento

    A fase de lan�amento � iniciada pela extens�o do cotovelo e/ou flex�o do punho, sendo seu final determinado com a perda de contato da m�o com a bola (lan�amento). O ombro na fase de lan�amento est� iniciando sua acelera��o para o lan�amento da bola (80%), ap�s sair de seu per�odo de estabilidade (88%). O cotovelo est� aumentando sua acelera��o num movimento de extens�o para o lan�amento da bola. Alguns autores apontam a extens�o do cotovelo como o ponto mais importante no lan�amento, inferindo um maior impulso impelido � bola atrav�s desta articula��o (BUTTON et al., 2003; MILLER & BARTLETT, 1993). O punho inicia seu movimento de flex�o (81%) pouco ap�s o movimento de extens�o do cotovelo (80%). Daiuto (1971) aponta que esta flex�o deve acontecer com pequeno desvio lateral e, somente, ap�s a extens�o completa do cotovelo. Contudo, os dados do presente estudo demonstraram que a flex�o de punho ocorre antes do maior valor de extens�o do cotovelo sustentando a descri��o do arremesso proposta por Almeida (1998). Este autor aponta que a flex�o de punho, em dire��o � cesta, deve ocorrer antes da flex�o completa do cotovelo (ALMEIDA, 1998). O lan�amento deve ser realizado com um movimento de flex�o do punho e dos dedos, de forma que a bola realiza uma trajet�ria em forma de par�bola, com rota��o para tr�s ap�s perder o contato com os dedos (ALMEIDA, 1998; KNUDSON, 1993; COLEMAN & RAY, 1976; DAIUTO, 1971).


Fase de in�rcia

    A fase de in�rcia � determinada pelo instante em que a bola � lan�ada, n�o havendo mais o contato do jogador com a bola. Esta fase � caracterizada por uma continuidade na flex�o do punho (ROJAS et al., 2000) e uma restri��o do movimento de flex�o do ombro (aproximadamente 120�) e extens�o do cotovelo (aproximadamente 130�). A coordena��o e continuidade de todos os movimentos s�o simplesmente imprescind�veis no arremesso (DAIUTO, 1971). O arremesso � terminado com o cotovelo estendido e com a m�o paralela ao ch�o com os dedos apontados para a cesta (COLEMAN & RAY, 1976).

    Diferentes valores s�o encontrados na literatura quanto aos deslocamentos angulares no instante do lan�amento. Coleman e Ray (1976) apontam que o �ngulo do ombro deve variar entre 135� e 180�, n�o excedendo estes valores. Todavia, alguns estudos demonstraram que os valores de deslocamento angular no instante do lan�amento podem variar de 113� (ELLIOTT & WHITE, 1989) a 148� (ELLIOTT, 1992) para a articula��o do ombro, 132� (ELLIOTT & WHITE, 1989; MILLER & BARTLETT, 1993) a 156� (ELLIOTT, 1992) para a articula��o do cotovelo e entre 179� (ELLIOTT, 1992) e 201� (ELLIOTT & WHITE, 1989) para a articula��o do punho. O presente estudo apresentou 122�, 131� e 180�, respectivamente para os �ngulos de lan�amento da articula��o do ombro, cotovelo e punho.


An�lise das rela��es entre as articula��es adjacentes

    A rela��o ombro-cotovelo demonstrou uma rela��o inversa at� o instante da fase de lan�amento da bola (80%), com o movimento sendo conduzido principalmente pelo ombro. Entretanto, posteriormente, o movimento possui uma rela��o direta com predomino da a��o do cotovelo no movimento. Esta an�lise das articula��es ombro-cotovelo sugere a maior participa��o do cotovelo na gera��o de impulso para lan�ar a bola. Por outro lado, a articula��o do ombro parece auxiliar o posicionamento da bola e a estabiliza��o do movimento para que a bola seja lan�ada (Figura 5).

    A rela��o cotovelo-punho demonstrou que enquanto a articula��o do cotovelo realiza sua flex�o (52%), a articula��o do punho passa da fase de estabilidade (1%-38%) para sua extens�o (39%-81%). Posteriormente (82%-100%), ambas as articula��es demonstram uma rela��o inversa para o lan�amento da bola, pois o cotovelo est� realizando uma extens�o e o punho uma flex�o. Esta a��o conjunta num movimento de extens�o de cotovelo e flex�o de punho sugere a participa��o destas duas articula��es de forma efetiva na gera��o de impulso para lan�ar a bola. Por conseguinte, a articula��o do punho n�o parece ter participa��o apenas na precis�o do arremesso como sugerido por alguns autores (MILLER & BARTLETT, 1993, 1996).


An�lise da seq��ncia de a��o das articula��es

    Apesar do arremesso de jump demonstrar uma seq��ncia de a��o inicial pr�ximo-distal dos movimentos respons�veis pelo lan�amento da bola. Ou seja, o ombro, articula��o mais proximal, iniciou seu movimento de flex�o primeiro (1%), posteriormente, ocorreu uma extens�o de cotovelo (60,7%), seguido por uma flex�o de punho (80,4%). N�o foi verificado o princ�pio da somat�ria das velocidades no movimento, conforme o princ�pio pr�ximo-distal (ANDERSON & SIDAWAY, 1994; PUTNAN, 1991). Pois, apesar do ombro alcan�ar a maior velocidade angular primeiro, o punho � a articula��o que atingiu seu maior valor de velocidade angular, sendo as velocidades do punho e cotovelo acontecendo num instante de tempo pr�ximo. Desta forma, o movimento de arremesso de jump se aproximou mais da descri��o de Van Gheluwe e Hebbelinck (1985) e Joris et al. (1985). Estes autores apontam que para alcan�ar as mais altas velocidades num final distal de um sistema de cadeia aberta, as velocidades angulares m�ximas dos segmentos devem ser alcan�adas simultaneamente (VAN GHELUWE & HEBBELINCK, 1985; JORIS et al., 1985). Entretanto, em arremessos que necessitam maior gera��o de impulso, como arremessos de longa dist�ncia, os jogadores podem fazer uso de um movimento com uma seq��ncia pr�ximo-distal (ELLIOTT, 1992).


Conclus�o

    Apesar de cada arremessador ter uma qualidade individual da performance de seus arremessos, certos movimentos dos segmentos do corpo s�o comuns para todos os estilos de arremesso (SATERN, 1988). Cinco fases foram propostas atrav�s da an�lise biomec�nica do arremesso de jump. O entendimento da coordena��o do arremesso, atrav�s dos movimentos e fases que caracterizam sua performance, pode auxiliar no processo-ensino aprendizagem atrav�s de um treinamento mais otimizado.

    Para futuros estudos, recomenda-se a an�lise da coordena��o do arremesso de jump em fun��o de diferentes vari�veis como: n�vel de experi�ncia dos jogadores, a dist�ncia do arremesso em rela��o � cesta, bolas com diferentes pesos e tamanhos, etc. Aconselha-se uma an�lise que compreenda tamb�m os membros inferiores, para verificar a rela��o entre estes e as outras partes do corpo.


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revista digital � Año 11 � N° 105 | Buenos Aires, Febrero 2007  
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